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Homem é Declarado Morto 55 Anos Após Escrever Carta Prometendo Voltar para Buscar Esposa e Filhos
Após mais de cinco décadas de angústia e incertezas, a Justiça declarou a morte presumida de Braulino Santana, um homem que desapareceu no final da década de 60, deixando para trás uma carta e a promessa de retornar para buscar sua esposa e filhos. A decisão foi dada pela juíza Aline Marinho Bailão Iglesias na última semana, pondo fim a uma longa espera de 55 anos.
Braulino Santana, que trabalhava em roças e garimpos na zona rural de Lizarda, foi visto pela última vez em 1968. Na época, ele partiu para o garimpo em busca de melhores condições financeiras para sua família. Em 15 de julho daquele ano, Braulino escreveu uma carta de Pedro Afonso, enviando notícias à sua esposa, Geni Rodrigues Santana, e aos seus cinco filhos. Ele prometia voltar para buscá-los e sugeria que se preparassem para a mudança, mencionando que enviaria um compadre para pegar algumas cabeças de gado que custeariam a nova vida.
No entanto, Braulino nunca retornou. A família, especialmente a esposa Geni, viveu décadas de incerteza e espera. Braulino nasceu em 1926 e, se estivesse vivo, teria 98 anos hoje. Com o passar do tempo e sem nenhuma notícia ou vestígio, a família decidiu buscar uma resolução legal para o desaparecimento.
Em setembro de 2023, Maria do Socorro Rodrigues Santana Correia, uma das filhas de Braulino, junto com seus irmãos, entrou com uma ação na Justiça para pedir a declaração de morte presumida do pai. Moradora de Guaraí, Maria do Socorro lembrou a precariedade da vida que o pai levava, os desafios do trabalho no garimpo e o vício em álcool como fatores que podem ter contribuído para o seu desaparecimento.
O Ministério Público Estadual (MPE) apoiou o pedido da família, considerando os relatos e as circunstâncias do desaparecimento. Em 26 de maio de 2024, a sentença foi dada, reconhecendo oficialmente a morte presumida de Braulino Santana.
A decisão traz um desfecho legal para uma história marcada pela dor da ausência e pela esperança constante de reencontro. Para a família Santana, a declaração é mais que um alívio judicial: é um encerramento simbólico de uma longa jornada de espera e incertezas, permitindo que, finalmente, comecem a curar as feridas deixadas pela partida inesperada de Braulino.