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Fila de Caminhões na Conab Revela Falta de Espaço para Armazenar Safra no sul do Tocantins

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Formoso do Araguaia (TO) – Em meio à previsão de uma safra recorde de grãos no Brasil em 2025, uma longa fila de caminhões se formou nos arredores da unidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Formoso do Araguaia, no sul do Tocantins. Considerado um dos principais centros de armazenamento do estado, o local virou palco de um congestionamento que se arrasta por semanas, reflexo direto dos desafios logísticos que se intensificam com a supersafra.

Vídeos registrados por motoristas nos últimos dias mostram uma extensa fila de carretas paradas em um trecho não pavimentado próximo à rodovia TO-070. Caminhoneiros relatam que os congestionamentos começaram ainda em março e, desde então, a espera para descarregar pode levar até quatro dias.

Além do volume crescente de veículos, as chuvas que atingem a região agravam o cenário. Buracos e atoleiros se formam na via, dificultando ainda mais o acesso ao armazém da Conab. Mas o problema vai além das condições precárias das estradas: trata-se de um gargalo estrutural que há anos compromete o escoamento da produção agrícola brasileira.

A estimativa para este ano é de uma colheita recorde de 328 milhões de toneladas de grãos, sendo 168 milhões apenas de soja, segundo projeções do governo federal. Entretanto, o país dispõe de capacidade de armazenagem para apenas 210 milhões de toneladas, um déficit que escancara a urgência por investimentos no setor.

“Esse é um problema recorrente, porque o agronegócio é um setor sazonal. Tudo é colhido e precisa ser transportado e armazenado ao mesmo tempo, em uma janela curta”, explica um especialista em logística agrícola. “A estrutura não cresce na mesma velocidade da produção.”

Situações semelhantes têm sido registradas em outros armazéns no sul do estado, apontando para uma crise de infraestrutura que se repete a cada supersafra. A preocupação, agora, é sobre até quando a região terá capacidade de armazenar tamanha produção – e quais os impactos disso para os produtores, caminhoneiros e consumidores.

A promessa de grãos abundantes havia animado o mercado, com expectativa de preços mais acessíveis para o consumidor, especialmente no caso do arroz, que poderia chegar mais barato aos supermercados. Mas a falta de infraestrutura adequada levanta dúvidas sobre a real capacidade do país de transformar produção em abundância nas prateleiras.

Enquanto isso, no campo, motoristas aguardam, atoleiros crescem, e o tempo segue correndo contra o escoamento da maior safra da história.

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