Comunidade acadêmica promove ‘celebração fúnebre’ da autonomia da UnirG e se manifesta contra a prefeita e vereadores de Gurupi

Os professores, servidores e acadêmicos daUniversidade de Gurupi (UnirG) foram surpreendidosnesta quinta-feira, 18, com a aprovação polêmica da proposta de emenda à Lei Orgânica nº 004/2023, em segunda votação, pela Câmara de Municipal de Gurupi. Por considerar “o mais grave golpe da história” da Instituição, o movimento SOS UNIRG mobiliza a comunidade acadêmica para um forte e marcante protesto na sede da Prefeitura de Gurupi.

Batizada como “celebração fúnebre da autonomia da UnirG, da prefeita e dos vereadores que votaram a favor da PL nº04”, a manifestação promete reunir centenas de pessoas na próxima segunda-feira, 22, às 08h30 da manhã, em frente ao órgão do poder Executivo Municipal, na Rua 01 – entre as avenidas Goiás e Maranhão. Os principais alvos são a prefeita Josi Nunes e o vereador Ivanilson Marinho, considerados mentores da proposta pelo movimento.

A principal reivindicação é a preservação da democracia no processo eleitoral de escolha do reitor e vice-reitor e, assim, garantir a autonomia universitária. Segundo os coordenadores do movimento, a proposta aprovada institui a lista tríplice e a decisão final de quem serão os gestores acadêmicos é do Executivo Municipal. Caso não haja os três nomes na disputa, a prefeita pode incluir qualquer servidor efetivo da Universidade e escolher um entre eles.

Votação na calada

A PL nº 04/2023 não estava na pauta oficial da 5ª sessão ordinária do mês de abril divulgada, previamente, pela casa legislativa. Em outras oportunidades em que a PL estava na pauta oficial, os vereadores a retiraram por causa da mobilização da comunidade acadêmica e participação popular.Dessa vez, o inverso compôs o enredo.

Com a sessão em andamento e sem a presença da comunidade acadêmica no plenário, a inclusão da proposta na ordem do dia para a apreciação e votação teria sido solicitada pelo vereador Zezinho da Lafiche, a pedido do presidente. O cenário ideal para a concretização do golpe pelas costas. E, assim como na primeira votação que ocorreu em dezembro, o projeto foi aprovado pela maioria dos vereadores.

A parte inicial dessa trama desrespeitosa aconteceu no final de 2023, vésperas das férias e do recesso institucional, sem a gestão acadêmica da UnirGsaber da existência desse projeto de autoria dos vereadores, planejado pela prefeita Josi Nunes e pelo vereador Ivanilson Marinho. Após a primeira aprovação, a notícia caiu como uma bomba no universo acadêmico. 

Os professores e acadêmicos uniram-se rapidamente e resgataram o movimento SOS UNIRG para evitar a segunda votação. Muitas tentativas de diálogo e pouco entendimento das justificativas para tamanha crueldade aconteceu por parte de representantes da academia junto ao poder legislativo. Sem êxito. Os vereadores estavam decididos a decretar o fim da autonomia universitária.

A Subseção de Gurupi da OAB chegou a promover um debate com a presença do presidente da Câmara de Gurupi, Valdônio Rodrigues, do vereador Ivanilson Marinho, da reitora Sara Falcão, de representantes do movimento acadêmico e de juristas. Muitos pontos foram sucumbidos, mas os parlamentares não abriram mão da lista tríplice. 

Com a recusa aos apelos da comunidade acadêmica para o arquivamento da proposta e sustentando apenas a manutenção da lista tríplice na Instituição, configurando assim o objeto principal da interferência política na gestão acadêmica, os vereadores colocaram em votação o projeto justamente quando não havia representantes da UnirG na Câmara Municipal.

Dessa vez, não houve unanimidade. Dois vereadores, André Caixeta e Rodrigo Maciel,voltaram atrás em seus posicionamentos iniciais depois de muito diálogo com a comunidade acadêmica e votaram contra a proposta. Apoiaram a concretização do golpe os vereadores IvanilsonMarinho, Zezinho da Lafiche, Jair do Povo, Davi Abrantes, Matheus Monteiro, Colemar da Saborelle, Debora Ribeiro, Leda Perini, Marilis Fernandes, Cesar da Farmácia, Rodrigo Ferreira e Ronaldo Lira.